HPV: o boleto que você não quer deixar vencer

Existem vários tipos de boletos. Alguns são leves e quase não pesam no bolso, mas outros podem ser bem sérios e trazer muita dor de cabeça.

O HPV funciona do mesmo jeito: são mais de 200 tipos de vírus, e alguns deles podem causar câncer de colo do útero.

A boa notícia? Dá para evitar que esse boleto chegue.

O PIX, nesse caso, é a vacina contra o HPV: moderna, rápida e eficaz.
Se você não dá atenção, o risco é de o “boleto” ir para protesto no caso do HPV, isso pode evoluir para um câncer.

Por isso, além da vacina, o exame preventivo é fundamental para manter essa conta sempre quitada e a saúde em ordem.
Dr. Ricardo Pores – Médico Infectologista.

HPV e o combate ao câncer de colo do útero e pênis.


O Papilomavírus Humano (HPV) é uma das infecções mais comuns no mundo, transmitida principalmente pelo contato sexual. Com mais de 200 tipos identificados, alguns genótipos de alto risco podem causar câncer de colo do útero, além de verrugas genitais e outros tipos de câncer em homens e mulheres, como ânus, pênis e orofaringe (Instituto Nacional de Câncer – INCA, 2025).


O câncer de colo do útero é altamente prevenível, mas ainda é uma das principais causas de internações e mortes entre mulheres. No Brasil, entre 2023 e 2025, mais de 5 mil mulheres na Bahia foram hospitalizadas devido à doença, sendo que a faixa etária mais afetada está entre 40 e 49 anos, com predominância em mulheres pardas (76,4% dos casos) (Secretaria de Saúde da Bahia – Sesab, 2025).

O vírus pode permanecer latente por anos e muitas vezes não apresenta sintomas, tornando o rastreamento regular fundamental.
Sinais de alerta incluem sangramentos fora do período menstrual, corrimento persistente ou com odor e dor pélvica frequente (INCA, 2025).


A vacina contra o HPV é a principal ferramenta preventiva.

Desde 2014, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece imunização gratuita para meninas e meninos de 9 a 14 anos, com expansão para adolescentes de 15 a 19 anos e grupos de risco, incluindo pessoas vivendo com HIV (Ministério da Saúde, 2025).
A cobertura atual é de 82% entre meninas e 67% entre meninos, e o país adotou a estratégia de dose única para adolescentes, alinhada às recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS, 2025).

Além da vacinação, o rastreamento regular é essencial. Tradicionalmente feito por meio do Papanicolau, o exame detecta alterações precursoras do câncer de colo do útero. Agora, o Brasil está adotando o teste molecular de DNA-HPV, que oferece maior precisão, detectando 14 genótipos de alto risco antes mesmo do surgimento de lesões ou sintomas (Agência Brasil, 25/09/2025).

Mulheres com resultado positivo são encaminhadas para colposcopia e biópsia, enquanto resultados negativos podem ser repetidos apenas a cada cinco anos (iBahia, 26/08/2025; Diario em Foco, 28/08/2025).

Benefícios do novo teste molecular.
O teste de DNA-HPV apresenta vantagens significativas:
Maior sensibilidade no diagnóstico precoce;

Redução de exames e procedimentos desnecessários;

Rastreamento mais equitativo, alcançando áreas com menor acesso à saúde;

Detecção precoce, permitindo tratamento oportuno e salvando vidas (Ministério da Saúde, 2025).

Na última quarta-feira, 25 de setembro de 2025, a vice-ministra da saúde do Brasil, Mariângela Simão, em evento da ONU:
“O câncer relacionado ao HPV é evitável. Todas as mortes por câncer do colo do útero podem ser prevenidas. As ferramentas já existem e precisam estar disponíveis em todos os países” (Agência Brasil, 25/09/2025).

O papel da informação e da conscientização.
Especialistas reforçam que a adesão à vacinação e aos exames depende de informação clara e confiável. Pesquisas apontam que entre 26% e 37% dos jovens desconhece que a vacina previne o câncer cervical, evidenciando a necessidade de campanhas educativas e de comunicação eficaz (Sociedade Brasileira de Imunizações – SBIm, 2025).

*Profissionais de saúde, sociedades científicas e movimentos sociais são fundamentais para fortalecer a confiança da população.


Vacinação: meninas e meninos a partir dos 9 anos, seguindo os protocolos do SUS.

Rastreamento regular: agora com prioridade para o teste DNA-HPV.

Hábitos de vida saudáveis: uso de preservativos, evitar tabagismo e fortalecer a imunidade.

Atenção a sinais de alerta: procurar médico em caso de sangramentos ou corrimento anormal.

Camaçari como referência nacional.
Camaçari, na Bahia, foi uma das primeiras cidades do país a implantar o teste de DNA-HPV pelo SUS, oferecendo maior acesso ao rastreamento precoce do vírus. A iniciativa coloca o município como referência nacional na prevenção do câncer de colo do útero, beneficiando milhares de mulheres com uma tecnologia inovadora, precisa e menos invasiva (iBahia, 26/08/2025; Diario em Foco, 28/08/2025).

Referências
Agência Brasil. Brasil destaca inovação no diagnóstico do HPV e reafirma prioridade com eliminação do câncer do colo do útero. 25/09/2025. Link

iBahia. Novo exame disponível no SUS Bahia detecta vírus do HPV. 26/08/2025. Link

Diario em Foco. Camaçari Sai na Frente e Implanta Novo Exame DNA-HPV para Prevenção do Câncer de Colo do Útero. 28/08/2025. Link

Ministério da Saúde. Calendário Nacional de Vacinação e ações de prevenção do HPV. 2025. Link

INCA – Instituto Nacional de Câncer. HPV e câncer do colo do útero. 2025. Link

SBIm – Sociedade Brasileira de Imunizações. Informações sobre cobertura vacinal e conscientização do HPV. 2025. Link

Sesab – Secretaria de Saúde da Bahia. Estatísticas de câncer do colo do útero. 2025.

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