Por Território1 | Saúde Pública & Inovação | Setembro de 2025
O Brasil acaba de dar um passo histórico na luta contra as arboviroses ao inaugurar a maior biofábrica do mundo de mosquitos Aedes aegypti infectados com Wolbachia. A estrutura, localizada em Curitiba (PR), foi projetada para produzir milhões de mosquitos modificados com a bactéria Wolbachia, que impede a transmissão de vírus como dengue, zika e chikungunya.
Com capacidade de proteger até 14 milhões de pessoas por ano, a biofábrica é uma das principais apostas do Ministério da Saúde para reduzir o impacto das epidemias que, apenas em 2024, causaram 6.200 mortes por dengue no país, o maior número já registrado.
Como funciona a técnica Wolbachia?

A estratégia é simples e eficaz:
Os mosquitos recebem a bactéria Wolbachia, que não é prejudicial aos humanos e reduz a capacidade do inseto de transmitir vírus.
Quando liberados no ambiente, os mosquitos se reproduzem e transmitem a bactéria às novas gerações, até que a maioria da população de Aedes esteja infectada.
Com isso, o risco de surtos de dengue, zika e chikungunya cai significativamente.
Segundo o World Mosquito Program (WMP), presente em mais de 10 países, cidades brasileiras que já receberam a liberação de mosquitos Wolbachia registraram reduções expressivas nos casos de dengue.
Produção em larga escala e impacto nacional
A biofábrica utiliza tecnologia de ponta para incubar ovos, armazenar e transportar mosquitos em cápsulas especiais, garantindo que eles cheguem às cidades prontos para serem liberados.
A meta é ambiciosa: proteger 14 milhões de brasileiros por ano, com prioridade para regiões que concentram surtos e mortes. Essa escala só é possível graças ao novo complexo, considerado referência mundial em inovação em saúde pública.
O que representa para cidades como Camaçari e a para a Bahia?
Embora a biofábrica esteja em Curitiba, a tecnologia deve se expandir para todo o território nacional. Municípios baianos que já enfrentam ciclos recorrentes de dengue, podem ser altamente beneficiados.
Se aplicada localmente, a técnica poderia:
Reduzir drasticamente o número de casos de dengue e chikungunya.
Diminuir custos hospitalares e sobrecarga no sistema de saúde.
Além disso, a Bahia, que figura entre os estados com maior número de notificações de dengue, poderá ser prioridade na distribuição dos mosquitos Wolbachia.
Conclusão
A inauguração da maior biofábrica de mosquitos Wolbachia do mundo é uma vitória para o Brasil e para a saúde pública global. Mais do que combater o Aedes aegypti, essa inovação coloca o país na liderança mundial em estratégias de controle biológico de doenças tropicais.
Para cidades como Camaçari, que convivem com surtos frequentes, o avanço traz esperança de um futuro mais saudável e resiliente diante das arboviroses.